Os futuros do trigo na bolsa de Chicago subiram mais de 5 por cento nesta sexta-feira e apresentaram o maior ganho percentual mensal em julho desde pelo menos 1959, com a seca tendo afetado a safra de um importante fornecedor global como a Rússia. Os ganhos no trigo acabaram impulsionando os futuros do milho e da soja pelo terceiro dia seguido, que tiveram ganhos mensais de cerca de 10 por cento mesmo com condições favoráveis para o desenvolvimento das lavouras no Meio-Oeste dos EUA. O trigo soft negociado em Chicago, referência global para o mercado do cereal, fechou julho com alta de 42 por cento, superando a valorização de 38 por cento registrada em 1964, de acordo com registros históricos acompanhados desde 1959 pela Commodity Trend Service, uma companhia privada. O contrato spot do trigo fechou com alta de 34 centavos nesta sexta-feira, a 6,6150 dólares por bushel. Fundos de investimentos compraram cerca de 16 mil contratos de trigo, o equivalente a 80 milhões de bushels ou 3,6 por cento da produção estimada para este ano nos EUA. Os futuros da soja também encerraram em uma máxima de 6 meses e meio, na esteira do trigo, e o milho no maior valor perto de duas semanas. O agosto da soja subiu 25,75 centavos, encerrando a 10,5250 dólares, e o setembro do milho teve ganhos de 13,50 centavos, a 3,9275 dólares. Brasil sofre A forte alta do trigo em Chicago ocorre em um momento em que o Brasil está no pico da entressafra, assim como os parceiros comerciais do Mercosul, especialmente a Argentina, maior fornecedora do cereal aos moinhos brasileiros. Nesta época, as empresas nacionais costumam buscar o trigo no hemisfério norte, uma alternativa para a oferta regional menor, e estão sofrendo com o preço mais alto. O Brasil importa mais da metade de seu consumo anual. E muitas empresas aguardavam os efeitos da colheita no hemisfério norte, acreditando em uma queda de preços, como ocorreu no ano passado, para realizar as últimas compras antes da entrada da safra brasileira, em setembro. "Estamos com uma pressão violenta de custos", afirmou o responsável por compras de uma importante trading que atua no Brasil. "Essa alta pegou o pessoal desprevenido, não tenha dúvida, pegou todo mundo", afirmou a fonte, que prefere ficar no anonimato, lembrando que no ano passado as companhias foram fazer as compras nos EUA nesta época, pegando preços mais baixos. "Todo mundo estava da mão para a boca", declarou, comentando que as companhias, observando os grandes estoques globais, estavam comprando só dentro das necessidades. Fonte: Reuters
