São Paulo, 12/08/2015 - Investidores do mercado futuro de grãos da Bolsa de Chicago (CBOT) começam o dia na expectativa do relatório mensal de oferta e demanda que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulga às 13h (de Brasília). A volatilidade que tem caracterizado as negociações esta semana tende a continuar, já que este relatório indicará o tamanho da área plantada nos EUA e a perspectiva de rendimento com base em pesquisas de campo. A média das projeções de analistas ouvidos pela Dow Jones Newswires aponta que o governo norte-americano estimará rendimento de 44,6 bushels por acre (3,0 toneladas por hectare), mas o intervalo de previsões vai desde 43 bushels por acre (2,89 toneladas por hectare) até 46 bushels por acre (3,09 toneladas por hectare). Em julho, o USDA previu 46 bushels por acre (3,09 toneladas por hectare). O mercado espera ainda que USDA projete a produção doméstica em 3,719 bilhões de bushels (101,22 milhões de toneladas). As projeções variam de 3,570 bilhões a 3,885 bilhões de bushels (97,16 milhões a 105,74 milhões de toneladas). A perspectiva no mês passado era de 3,885 bilhões de bushels (105,74 milhões de toneladas). Com isso, a expectativa é de que o volume armazenado no encerramento do ciclo 2015/16 some 305 milhões de bushels (8,30 milhões de toneladas), abaixo dos 425 milhões de bushels (11,57 milhões de toneladas) previstos em julho. Para o estoque final da atual temporada, que se encerra em 31 de agosto, analistas esperam 247 milhões de bushels (6,72 milhões de toneladas). Há um mês, a previsão era de 255 milhões de bushels (6,94 milhões de toneladas). Em relatório da AGR Brasil, o analista Pedro Dejneka ressaltou que indefinição sobre os dados a serem anunciados no relatório adiciona volatilidade aos preços futuros de soja, milho e trigo na CBOT. "Tudo pode acontecer, e o volume especulativo será enorme", disse o analista, no relatório. Ontem, a soja para novembro cedeu 23,00 cents (2,31%) e fechou em US$ 9,7150 por bushel, depois de ter encerrado no maior nível em quase um mês na véspera. A decisão do governo chinês de enfraquecer sua moeda em 1,9% - a maior desvalorização em apenas um dia nas últimas duas décadas - derrubou os preços de várias commodities e com a soja não foi diferente. Segundo o Banco do Povo da China (PBoC), a taxa de câmbio na China, que até então era fixada pelo banco central, passou a ser determinada pelo fechamento do yuan na sessão anterior, podendo oscilar até 2% para cima ou para baixo. As commodities, que já se encontram em mínimas em vários anos, por causa dos temores sobre a desaceleração econômica chinesa e o fortalecimento do dólar, foram afetadas pela ação do PBoC. O cobre e o petróleo, que haviam subido no dia anterior na expectativa de novas medidas de estímulo chinesas, recuaram. "No curto prazo, isso é mais uma má notícia para os preços das commodities. Uma moeda chinesa mais fraca deve significar uma demanda mais fraca para as commodities produzidas internacionalmente", disse o economista-chefe para Austrália e Nova Zelândia do HSBC, Paul Bloxham, à Dow Jones Newswires. A decisão também alimentou preocupações sobre menor apetite chinês por soja. Dejneka ressaltou no relatório da AGR Brasil que o governo chinês "joga cada vez mais cartas de sua manga na mesa para tentar ajudar a economia a ter uma aterrissagem mais suave do incrível voo recente de crescimento". Em seu boletim diário, a corretora Granoeste destacou que o impacto da medida é negativo ao elevar o custo dos produtos importados. "A China compra cerca de dois terços da soja exportada pelos principais países produtores, como Brasil, EUA e Argentina", salientou a corretora. Conforme a Granoeste, a medida deu espaço para investidores embolsarem lucros após as altas dos últimos dias, sobretudo para estarem preparados para possíveis surpresas no relatório de agosto do USDA. O clima nos EUA também segue influenciando as negociações. A perspectiva para as condições climáticas no Meio-oeste melhorou, mas, para esta semana, as principais empresas de meteorologia ainda projetavam poucas precipitações. Conforme a Meteorlogix, a expectativa para o período de 6 a 10 dias era de chuvas na média ou acima da média no norte do Meio-Oeste e na média ou abaixo da média no sul do cinturão. A manutenção da proporção de lavouras em situação boa a excelente nos EUA em 63% também pressionou o mercado ontem Fonte:AGENCIA ESTADO