Crédito rural subsidiado pelo governo está disponível a partir desta segunda (1º). Entenda por que a 'virada' acontece no meio do ano e quais são os primeiros passos. O ano-safra 2019/2020 começa nesta segunda-feira (1º) com os produtores rurais preocupados com o comportamento do dólar durante a temporada. A moeda americana é ferramenta fundamental para o setor: ela define se o agricultor terá lucro ou não ao final do ciclo. Segundo analistas e produtores ouvidos pelo G1, com o dólar alto frente ao real, o preço pago pelo cultivo, que é referenciado pela moeda estrangeira, está em baixa. E o custo de produção, que também se baseia no dólar, está alto, deixando uma margem de lucro apertada ou, em alguns casos, até mesmo prejuízo para os empresários do campo. Outro ponto de atenção a partir de agora é o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, anunciado na sexta-feira (28). O agronegócio foi um dos setores beneficiados com a negociação, mas ainda não há definição sobre quando o pacto começa a valer e o tamanho do impacto. Apesar de a "virada" de ano-safra acontecer agora, isso não significa que toda a produção agrícola do país começa no meio do ano (leia mais ao fim da reportagem). Este período é marcado pelo planejamento das culturas de verão, como soja e milho, que estão entre as maiores do país, e pelo início da negociação de outras, como café, algodão e cana-de-açúcar. Nesta fase, os agricultores criam expectativas, projetam o quanto vão investir na produção e o retorno esperado. A partir desta segunda, eles podem acessar o crédito rural subsidiado pelo governo federal nos bancos. O recurso, anunciado no lançamento do Plano Safra, há duas semanas, serve para ajudar a pagar os investimentos na temporada. O valor disponível para financiamentos é de R$ 222 bilhões, mesmo número do último ciclo. Por que o ano-safra começa em julho? O dia 1º de julho foi escolhido para o início do ano-safra em 1990, quando foi lançado o primeiro Plano Safra, chamado à época de ?Diretrizes do Governo para Modernizar a Agricultura?. O nome atual foi oficializado em 1992. O ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura Benedito Rosa explica que o governo escolheu essa data porque quase toda a produção agrícola do país estava concentrada no segundo semestre. ?Era uma forma de o governo garantir apoio financeiro para quem estava iniciando a safra e, depois, ajudava com recursos para a comercialização da produção [no primeiro semestre]", conta. Ele acredita que o calendário implementado na década de 1990 não está atualizado com a produção rural brasileira dos anos 2010. "Antigamente, isso fazia sentido, mas agora temos produção o ano todo: uma, duas, três safras... acredito que esse calendário já não faça mais sentido?, diz Rosa. Fonte:G1